Quando o cliente precisa
de cuidados médicos.
Cada vez mais comum, devido
ao estresse, estilo de vida, disfunções hormonais ou, simplesmente, uso
indevido de produtos e tratamentos, as pessoas estão sofrendo distúrbios
capilares, provocando o enfraquecimento dos fios e, como consequência, a queda
do cabelo. Muitas vezes, o cabeleireiro experiente pode orientar o cliente, a
partir de um breve diálogo para avaliar o estilo de vida e, especialmente, o
tipo de produto e tratamento específico (tinturas, alisamento, cauterização,
entre outros) aliado ao que o cliente tem feito recentemente.
De fato, o uso indevido
de produtos químicos e, até mesmo, xampus inapropriados, ou uso inadequado do
secador podem danificar os fios, provocando a perda de seus aminoácidos que,
por consequência, deteriora toda a estrutura do cabelo. “Muitas vezes, o
cliente não sabe reconhecer o seu tipo de cabelo e acaba adquirindo produtos e
serviços que não são adequados às suas necessidades, contribuindo para
deteriorar os fios”, revela Edison Brandão Junior, cabeleireiro, visagista,
professor e consultor técnico, de Santo André (SP). Edson cita, por exemplo, o
modismo em torno da reconstrução capilar. “Hoje, todo mundo quer fazer
reconstrução capilar. Entretanto, este é um processo que não pode ser aplicado,
em hipótese alguma, em cabelos secos. Isto porque a reconstrução nada mais é do
que a aplicação de queratina nos fios, que irá agir fortalecendo o fio,
interrompendo a sua queda. Porém, no cabelo seco, este processo pode provocar o
resultado contrário: o excesso de queratina enrijece os fios secos, tornando-os
quebradiços, perdendo a elasticidade natural dos fios”. Explica o profissional,
com mais de 12 anos de atuação.
Portanto, na dúvida, é
recomendável sugerir ao cliente que, antes de qualquer procedimento estético,
procure a orientação de um médico dermatologista ou tricologista (especialista
em cabelos). Além disso, é fundamental a interação entre o médico e o
cabeleireiro, para que o tratamento flua corretamente, visando obter o
resultado esperado.
A seguir, acompanhe a
entrevista com a Dra. Cristina Camargo, dermatologista, especialista em
cirurgia plástica, cirurgia estética e antienvelhecimento:
GUIA COMO SE FAZ – Quais
os principais (ou mais comuns) problemas capilares em homens e mulheres?
Dra. Cristina Camargo:
Caspa, dermatite seborreica e queda de cabelo.
A partir de qual momento
a pessoa deve se preocupar com a queda de cabelo? O que é considerado normal?
O cabelo obedece a um
ciclo. Por alguns meses ele cresce e depois cai. Daí um outro fio de cabelo,
dormente, começa a crescer. Durante o ano, podemos observar quatro ou seis
meses de queda maior. Em consultório, fazemos um teste que consiste em passar a
mão no cabelo. Se sair mais de cinco fios de uma só vez é sinal de que
precisamos intervir com um tratamento específico.
Como é este tratamento?
O tratamento consiste no
uso de xampu específico, loções capilares, orientações com relação aos hábitos
de higiene do couro cabeludo. Por exemplo, usar muito creme, produtos químicos,
técnicas como a escova progressiva, podem causar caspa, seborreia, entre outros
problemas. A alimentação inadequada também gera um desequilíbrio de vitaminas e
minerais e é preciso, em alguns casos, prescrever uma suplementação para repor
esses nutrientes em falta. Mas isso só é feito após uma análise clínica e
exames laboratoriais. Por exemplo, durante a gravidez, a mulher perde vitamina
B. Já o estresse pode causar falta de vitamina B e zinco, que também estão
associados à queda de cabelo.
O que acontece?
O organismo entende que
cabelos, unhas e pele são anexos, ou seja, em caso de desnutrição ou falta de
vitaminas e minerais, o organismo se encarrega de suprir os órgãos vitais
(coração, pulmões...) deixando os anexos em último plano. Portanto, quando você
sentir alterações nos cabelos e nas unhas, esses são os primeiros sinais de que
o corpo está um desiquilíbrio.
Como é feito o
diagnóstico?
No consultório, o
profissional deve ter uma conversa detalhada com o paciente. É preciso traçar
um perfil, desde o diário alimentar, estilo de vida e hábitos de higiene, até a
análise de exames de laboratório (para descartar doenças como diabetes e falta
de vitaminas). Depois do diagnóstico é feita a prescrição do tratamento, que
pode ser feito com o uso de xampus, loções e suplementação oral de vitaminas.
No consultório, também fazemos a intradermoterapia capilar, uma espécie de
mesoterapia, só que no couro cabeludo. Esse procedimento deve ser feito uma vez
por semana. Também podemos associar a fototerapia, uma aplicação de luz de
baixa voltagem durante 20 minutos, uma vez por semana, que faz o cabelo crescer
durante o tratamento. Entretanto, esse procedimento é um coadjuvante, já que
quando o tratamento é interrompido, o cabelo pára de crescer. Além disso, a
queda de cabelo afina o fio. Com o tratamento, há a interrupção da queda e o
cabelo novo nasce mais grosso. Em casos de calvície, podemos indicar o cabelo
da nuca e implantar na área em que está faltando cabelo.
Porque cada vez mais as
mulheres estão sofrendo com a queda de cabelo?
Atualmente, devido ao
estresse, estilo de vida, alterações hormonais, gravidez, menopausa, excesso de
químicas (tinturas, alisamentos...) entre outros fatores.
Qual deve ser a postura
do profissional de beleza diante de uma reação alérgica do cliente?
Caso o cliente apresente
alguma alergia durante um procedimento no salão, o profissional deve
interromper o procedimento e lavar o local imediatamente. Se o mal-estar
continuar, é recomendável encaminhar o cliente ao pronto-socorro ou médico de
sua confiança. Entretanto, para evitar essas situações, é importante que o
profissional da beleza sempre pergunte se o cliente possui alergia a algum
produto ou componente químico e lançar mão de alergênicos, de formulação mais
suave.
Durante a popularização
das escovas progressivas, quando ainda eram utilizadas com formol em sua
composição, muitos pacientes procuravam os médicos para tratar da queda de
cabelo provocada pelo uso inadequado dessa substância. Por esse motivo
aconselho minhas pacientes a sempre procurar um bom cabeleireiro.
Há alguma recomendação
especial para o atendimento a mulheres grávidas?
Durante a gravidez a
mulher perde muitos nutrientes, o que pode provocar a queda do cabelo. Nos
primeiros três, quatro meses, é recomendável evitar procedimentos químicos
(como tinturas e alisamentos), pois esse é o período de formação do bebê. Na
dúvida, é sempre recomendável perguntar ao obstetra sobre a melhor conduta a
tomar. Cerca de quatro meses após o parto, o cabelo também pode começar a cair.
Nesse caso, busque sempre a orientação médica para seguir o tratamento mais
adequado para a mãe e para o bebê, já que a mulher ainda estará amamentando
neste período.
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